quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Ana Karenina

Depois da fantasia ficcional aventurei-me no realismo literário, puro e duro! Nada mais nada menos, pelo que dizem os entendidos, do que um dos grandes clássicos da literatura. Anteriormente eu já tinha tentado ler o Guerra e Paz do Tolstoi, mas desisti pela que, na altura, me pareceu uma excessiva descrição conciliada a uma prolongada inação. Então, porque não tentar agora com Ana Karenina?
Se, na verdade, eu estava à espera de encontrar, em Ana, daquelas personagens míticas, com a leitura percebi que não. Não. Para mim Ana não é aquela personagem mítica. Mas não se enganem! A verdade é que o livro é recheado de grandes personagens, somente me parecem todas, igualmente niveladas, por cima. E assim sendo, agora sei que boa parte dos leitores também se questiona porque se intitula esta obra de Ana Karenina. Por exemplo, não é a personagem de Anna que está presente do primeiro ao último capítulo do livro mas a de Levine! Provavelmente, todos os que leram este livro têm a sua teoria, pois bem, a minha é a seguinte. Existirão dois motivos principais. 
O primeiro é que a linha narrativa, e assim o fado de todas as personagens, mesmo o de Levine e o de Kitty, apresenta eixo condutor a partir da relação entre Ana e Vronski. A segunda é que Ana, de todas as personagens, é a única que, em sentido factual,  contraria o seu destino social. Por outro lado, se alguém argumentar que Levine é a personagem principal, talvez o autor queria ter desviado as atenções dele mesmo, pois tanto desconfiei da sua proximidade com a biografia do escritor, como, também, bem se sabe que a sua personagem não é daquelas heróicas mas mais daquelas discretas.
De resto, se querem ler um livro com personagens tão reais quanto tu e eu, com dilemas morais e psicológicos tão próximos dos nossos, enquadrados num contexto social, ainda tão próximo do nosso, este livro revelará muita coisa a muita gente. Desde os conflitos das relações de género, às relações familiares e ao papel da família, às relações entre classes sociais, à dicotomia entre vida na cidade e vida no campo, e mesmo a discussão sobre religião, são tudo questões que nos dizem respeito. Por alguma razão este é um clássico. Se se querem imaginar na Rússia czarista da segunda metade do século XIX, entre os cenários bucólicos da imensa vastidão russa, e os cenários aristocráticos de São Petersburgo e de Moscovo, terão uma desilusão. A escrita é tão simples e minuciosa que o difícil mesmo é não parecer real!

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