sexta-feira, 27 de abril de 2012

Carlos Ruiz Zafón

Gostei. Para descontrair.


A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, (Publicações Dom Quixote) é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra, juntando as técnicas do relato intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, num crescendo de suspense e, numa intriga que se mantém até à última página.

Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos, uma biblioteca secreta e labiríntica, onde se encontram obras abandonadas pelo mundo, esperando por um novo leitor, um novo espírito. Aí, Daniel encontra um livro maldito, que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na obscura cidade.


Em, A Sombra do Vento:


“…. Neste lugar, os livros de que já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando chegar um dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. “


“O costume é que a primeira vez que alguém visita este lugar tem de escolher um livro, aquele que preferir, e adoptá-lo, assegurando-se de que ele nunca desapareça, de que permaneça sempre vivo. É uma promessa muito importante…..“


“Os livros são espelhos: só se vê neles o que a pessoa tem dentro – replicou Julián.”


“Vi-me então a mim mesmo através dos meus olhos; apenas um rapaz transparentes que tinha conquistado o mundo numa hora e que ainda não sabia que o poderia perder num minuto.”


“ Falar é de ignorantes; calar é de cobardes; ouvir é de sábios.”


Entretanto também já li O Jogo do Anjo (Edições Dom Quixote), do mesmo autor.


Na Barcelona dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca antes existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.

Em, O Jogo do Anjo:


“Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem um preço.”


“A sala estava deserta e submersa numa bruma tecida pelo fumo de dez mil charutos. Fechei os olhos por um instante e conjurei uma imagem, um manto de nuvens negras a derramar-se sobre a cidade á chuva, um homem que caminhava procurando as sombras com sangue nas mãos e um segredo no olhar. Não sabia quem era nem de que fugia, mas durante as seis horas que se seguiram iria transformar-se no meu melhor amigo. Fiz deslizar uma folha de papel pelo rolo da máquina e, sem mais delongas, comecei a exprimir tudo o que tinha dentro de mim. Debati-me com cada palavra, cada frase, cada contorno, cada imagem e cada letra como se fossem os últimos que escreveria na vida. Escrevi e reescrevi cada linha como se a minha existência dela dependesse e depois reescrevi-a de novo. Tive como única companhia o eco do teclar incessante que se perdia na sala de sombras e o grande relógio de parede, a esgotar os minutos que faltavam para o amanhecer.”


E, antes de ir, estou a acabar Marina (Edições Planeta).

Palavras do autor:

"Sempre acreditei que todo o escritor, admita-o ou não, tem entre os seus livros alguns favoritos. Essa predilecção é raro ter a ver com o valor literário intrínseco da obra ou com o acolhimento que ao aparecer lhe dispensaram os leitores ou com a fortuna ou penúria que lhe tenha proporcionado a sua publicação. Por qualquer estranha razão, sentimo-nos mais próximos de algumas das nossas criaturas sem sabermos explicar muito bem o porquê. De todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos."

Em, Marina:

"Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreende-se aquelas palavras."

"Na noite em que conheci Mikhail disse-me que, por qualquer razão, a vida nos costuma oferecer aquilo que não procuramos nela. A ele trouxe-lhe fortuna, fama e poder."


"...... Distingui ao longe a silhueta do meu antigo colégio, mas não me atrevi a aproximar-me. Algo me dizia que, se o fizesse, a minha juventude se evaporaria para sempre. O tempo não nos torna mais sábios, apenas mais cobardes.
Durante anos fugi sem saber de quê. Julguei que, se corresse atrás do horizonte, as sombras do passado se afastariam do meu caminho. Julguei que, se criasse suficiente distância, as vozes da minha mente se calariam para sempre. regressei por fim àquela praia secreta em frente do Mediterrâneo.......... Compreendi que já não podia nem queria fugir mais. Voltara a casa "

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